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Audiência Pública: Déficit anual da água em Candiota chega a mais de R$1,5 milhão
Município gasta R$ 2,2 milhões e arrecada R$ 670 mil por ano
O Sindicato dos Mineiros
de Candiota
quase ficou pequeno
na noite da última quinta-
-feira (4), quando a Câmara
de Vereadores realizou
uma audiência pública para
debater os problemas no
abastecimento de água,
principalmente na Sede da
cidade. A proposição da
audiência foi do vereador
Fabrício Moraes, o Bibi
(PMDB).
Nas últimas semanas,
o estouro de tubulações
e a decisão de limpar os decantadores
das estações de
tratamento de água (ETAs)
da Vila Residencial e Sede,
criaram dificuldades ainda
maiores ao sistema que
abastece as duas localidades
e os assentamentos.
Depois que quase uma semana,
o abastecimento foi
restabelecido, com ainda
um ou outro problema localizado.
A audiência pública foi conduzida pelo presidente da Câmara, vereador
Guilherme Barão (PDT) e
contou também com a participação
do prefeito Adriano
dos Santos; do coordenador
da Secretaria de Obras,
Renato Cunha (Renatão);
do chefe do Setor de Saneamento,
Márcio Lopes;
e do engenheiro civil da
Prefeitura, Marcelo Leal.
Também, o debate teve participação
dos demais vereadores,
de praticamente todo
o secretariado do governo e
da comunidade.
A audiência ao
fim foi considerada por
todos como positiva, pelo
alto grau de explicações e
esclarecimentos que proporcionou,
além de muita
participação dos usuários
do sistema de água.
O vereador Bibi
abriu os trabalhos apresentando
num telão uma série
de imagens das estações de
tratamento de água (ETAs)
do município, evidenciando
precariedades e problemas.
“Nós queremos uma solução
logo e não a longo
prazo. Me solidarizo com
as famílias da avenida Luiz
Chirivino que aqui chegaram
sem água em suas casas
e vão voltar e encontrar a
mesma situação quando
retornarem”, criticou.
Respondendo a
todos os questionamentos,
sem fugir do debate, tanto
o prefeito como o corpo técnico
da Prefeitura que é responsável pelo abastecimento
de água do município,
foram unânimes em admitir
que Candiota possui um
sistema obsoleto, precário
e que precisa de melhorias.
“Não vamos solucionar
os problemas de água que
possuem mais de 25 anos
de uma hora para outra, mas
estamos fazendo tudo o que
está ao nosso alcance com
muita responsabilidade”,
assinalou Adriano.
PROBLEMAS E SOLUÇÕES
– A conclusão da ETA da
Vila Operária, que vai abastecer
a localidade e também
os bairros São Simão, João
Emílio e Seival, bem como,
a construção de uma nova
ETA na Sede, numa parceria
com a UTE Pampa
Sul, a instalação de hidrômetros, além da criação de
um Departamento de Água
e Esgoto para gerir o saneamento básico, são algumas
das medidas que o governo
pretende implantar em curto
e médio prazos, apontando
para melhorias do abastecimento
de água da cidade.
“Acreditamos que com estas
medidas, estaremos fazendo
um melhora significativa no
sistema”, apontou o prefeito.
Problemas pontuais
como os localizados nos
trechos finais das avenidas
24 de Março, Luiz Chirivino,
rua Hermegilda Cappua
e Residencial Viver Melhor,
segundo o engenheiro Marcelo Leal, estão ligados a
falta de vazão na rede, que
possui diâmetro aquém do
necessário. Neste momento
a Prefeitura está estendendo
uma rede de 150mm na rua
Ulisses Guimarães, que deve
solucionar os problemas no
Viver Melhor e provavelmente
provocar melhoras
no sistema como um todo.
“Sabemos que o problema
é vazão, pois a rede é antiga
e fina em muitos locais.
Obras como essa precisam
ser feitas em outros pontos,
porém temos que ir fazendo
e somente após podemos
verificar a real extensão dos
benefícios que ela produz”,
explicou o engenheiro.
Em relação aos
problemas enfrentados no
núcleo Morada do Sol, o
engenheiro explicou que ali
a causa é falta de pressão
da água, precisando ser investido
na colocação de um
reservatório metálico (caixa
d´água) elevado na localidade.
DÉFICIT – Sem um sistema
de medição do consumo de
água em praticamente todas
as localidades (atualmente
somente a Vila Operária e
alguns comércios e indústrias possuem esse controle),
a questão da hidrometria
é fundamental, segundo o
que foi exposto na audiência.
Com isso, será possível
haver maior controle no consumo,
já que hoje Candiota
consome mensalmente o dobro
de água do que Pinheiro
Machado (cidade com dois
mil habitantes a mais) – só
para se ter uma ideia. Além
disso será possível praticar
justiça na cobrança, quando
quem consome mais, pagará
mais e ao contrário da mesma forma.
Atualmente a grande
maioria dos consumidores
‘pagam’ a chamada taxa
mínima de R$ 24 mensais,
independente do consumo,
além de famílias pobres
serem isentas ou pagarem a
taxa social.
Um dado exposto
pelo prefeito evidencia
claramente a situação dramática do sistema de abastecimento de água candiotense
do ponto de vista financeiro.
Com uma inadimplência
galopante, o déficit chega a
mais de R$ 1,5 milhão anu- ais. “Para custear todas as
despesas do abastecimento
de água de Candiota (pessoal,
energia elétrica, produtos
químicos, etc), investimos
R$ 2,2 milhões por ano e
arrecadamos apenas R$ 670
mil”, evidenciou Adriano.
O morador Sérgio Brito ponderou
durante a audiência de
que sem a hidrometria não se
terá recursos para resolver
o problema da água. “Eu
quero pagar por aquilo que
consumo”, disse.
Por outro lado, o
prefeito destacou que não
existe nenhum movimento
por parte da Prefeitura em
aumentar o valor da taxa de
água.
CURTO PRAZO - O vereador
Dinossane Pech (PSDB)
usou da palavra para afirmar
que, pelo que foi exposto
na audiência, os problemas
seguirão e que as soluções
só virão em um ano ou mais.
“Fica claro que não haverá
melhorias, só que daqui um
ano e picos”, alfinetou.
Respondendo ao
vereador, o coordenador de
Obras, Renatão Cunha afirmou que o sistema está trabalhando neste momento a
pleno e que foi implantando
um plantão 24h para atender
as demandas mais urgentes
da comunidade. “Não vamos
resolver os problemas
por decreto. Só com muito
trabalho. Tenho certeza que
com alguns ajustes, o atual
sistema pode esperar que os
novos investimentos aconteçam”, disse.
VOLUME MORTO – O
vereador Guilherme Barão
levantou a questão de um
volume morto de água que
fica no fundo do novo reservatório
da Sede do município
e que não é possível
utilizá-lo, questionando se
este volume não poderia ajudar
nos momentos críticos.
Explicando, o engenheiro
Marcelo destacou
que de fato algo em torno
de 160 mil litros de água
ficam perdidos no fundo do
novo reservatório de 500 mil
litros, entretanto que esta
quantidade é compensada
por outro reservatório de
concreto,que fica próximo.
“Esse não é problema e nem
solução”, disse.
CONSIDERAÇÕES – Depois
de mais de duas horas
de exposições e esclarecimentos, tanto o proponente
como o prefeito fizeram suas
considerações finais a cerca
do tema.
O vereador Bibi
seguiu com um tom crítico em relação ao assunto, observando que quer
ser parceiro do município
para encontrar as soluções.
Por sua vez, o prefeito
Adriano fez questão de
afirmar que todo o cidadão
candiotense tem direito a ter
acesso a uma água de qualidade
e em quantidade necessária
para ele e sua família.
Também ele criticou
os governos estadual
e federal que cortaram recursos
de programas, como
o Água Para Todos, que
poderiam estar ajudando as
cidades a combater os problemas.
“Nossa equipe tem
se dedicado diuturnamente,
mas as soluções não são
construídas com discursos e
de uma hora para outra e sim
com muito trabalho e responsabilidade,
que é o que
estamos fazendo”, finalizou
o gestor.
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