terça-feira, 9 de maio de 2017

Jornal Tribuna do Pampa (Candiota) - 09 de maio de 2017


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Audiência Pública: Déficit anual da água em Candiota chega a mais de R$1,5 milhão
Município gasta R$ 2,2 milhões e arrecada R$ 670 mil por ano

O Sindicato dos Mineiros de Candiota quase ficou pequeno na noite da última quinta- -feira (4), quando a Câmara de Vereadores realizou uma audiência pública para debater os problemas no abastecimento de água, principalmente na Sede da cidade. A proposição da audiência foi do vereador Fabrício Moraes, o Bibi (PMDB). 

Nas últimas semanas, o estouro de tubulações e a decisão de limpar os decantadores das estações de tratamento de água (ETAs) da Vila Residencial e Sede, criaram dificuldades ainda maiores ao sistema que abastece as duas localidades e os assentamentos. Depois que quase uma semana, o abastecimento foi restabelecido, com ainda um ou outro problema localizado. 

 A audiência pública foi conduzida pelo presidente da Câmara, vereador Guilherme Barão (PDT) e contou também com a participação do prefeito Adriano dos Santos; do coordenador da Secretaria de Obras, Renato Cunha (Renatão); do chefe do Setor de Saneamento, Márcio Lopes; e do engenheiro civil da Prefeitura, Marcelo Leal. Também, o debate teve participação dos demais vereadores, de praticamente todo o secretariado do governo e da comunidade. 

A audiência ao fim foi considerada por todos como positiva, pelo alto grau de explicações e esclarecimentos que proporcionou, além de muita participação dos usuários do sistema de água. O vereador Bibi abriu os trabalhos apresentando num telão uma série de imagens das estações de tratamento de água (ETAs) do município, evidenciando precariedades e problemas. “Nós queremos uma solução logo e não a longo prazo. Me solidarizo com as famílias da avenida Luiz Chirivino que aqui chegaram sem água em suas casas e vão voltar e encontrar a mesma situação quando retornarem”, criticou. 

Respondendo a todos os questionamentos, sem fugir do debate, tanto o prefeito como o corpo técnico da Prefeitura que é responsável pelo abastecimento de água do município, foram unânimes em admitir que Candiota possui um sistema obsoleto, precário e que precisa de melhorias. “Não vamos solucionar os problemas de água que possuem mais de 25 anos de uma hora para outra, mas estamos fazendo tudo o que está ao nosso alcance com muita responsabilidade”, assinalou Adriano.

PROBLEMAS E SOLUÇÕES – A conclusão da ETA da Vila Operária, que vai abastecer a localidade e também os bairros São Simão, João Emílio e Seival, bem como, a construção de uma nova ETA na Sede, numa parceria com a UTE Pampa Sul, a instalação de hidrômetros, além da criação de um Departamento de Água e Esgoto para gerir o saneamento básico, são algumas das medidas que o governo pretende implantar em curto e médio prazos, apontando para melhorias do abastecimento de água da cidade. “Acreditamos que com estas medidas, estaremos fazendo um melhora significativa no sistema”, apontou o prefeito. 

Problemas pontuais como os localizados nos trechos finais das avenidas 24 de Março, Luiz Chirivino, rua Hermegilda Cappua e Residencial Viver Melhor, segundo o engenheiro Marcelo Leal, estão ligados a falta de vazão na rede, que possui diâmetro aquém do necessário. Neste momento a Prefeitura está estendendo uma rede de 150mm na rua Ulisses Guimarães, que deve solucionar os problemas no Viver Melhor e provavelmente provocar melhoras no sistema como um todo. “Sabemos que o problema é vazão, pois a rede é antiga e fina em muitos locais. Obras como essa precisam ser feitas em outros pontos, porém temos que ir fazendo e somente após podemos verificar a real extensão dos benefícios que ela produz”, explicou o engenheiro. 

Em relação aos problemas enfrentados no núcleo Morada do Sol, o engenheiro explicou que ali a causa é falta de pressão da água, precisando ser investido na colocação de um reservatório metálico (caixa d´água) elevado na localidade. 

DÉFICIT – Sem um sistema de medição do consumo de água em praticamente todas as localidades (atualmente somente a Vila Operária e alguns comércios e indústrias possuem esse controle), a questão da hidrometria é fundamental, segundo o que foi exposto na audiência. Com isso, será possível haver maior controle no consumo, já que hoje Candiota consome mensalmente o dobro de água do que Pinheiro Machado (cidade com dois mil habitantes a mais) – só para se ter uma ideia. Além disso será possível praticar justiça na cobrança, quando quem consome mais, pagará mais e ao contrário da mesma forma. Atualmente a grande maioria dos consumidores ‘pagam’ a chamada taxa mínima de R$ 24 mensais, independente do consumo, além de famílias pobres serem isentas ou pagarem a taxa social. Um dado exposto pelo prefeito evidencia claramente a situação dramática do sistema de abastecimento de água candiotense do ponto de vista financeiro. 

Com uma inadimplência galopante, o déficit chega a mais de R$ 1,5 milhão anu- ais. “Para custear todas as despesas do abastecimento de água de Candiota (pessoal, energia elétrica, produtos químicos, etc), investimos R$ 2,2 milhões por ano e arrecadamos apenas R$ 670 mil”, evidenciou Adriano. O morador Sérgio Brito ponderou durante a audiência de que sem a hidrometria não se terá recursos para resolver o problema da água. “Eu quero pagar por aquilo que consumo”, disse. Por outro lado, o prefeito destacou que não existe nenhum movimento por parte da Prefeitura em aumentar o valor da taxa de água. 

CURTO PRAZO - O vereador Dinossane Pech (PSDB) usou da palavra para afirmar que, pelo que foi exposto na audiência, os problemas seguirão e que as soluções só virão em um ano ou mais. “Fica claro que não haverá melhorias, só que daqui um ano e picos”, alfinetou. Respondendo ao vereador, o coordenador de Obras, Renatão Cunha afirmou que o sistema está trabalhando neste momento a pleno e que foi implantando um plantão 24h para atender as demandas mais urgentes da comunidade. “Não vamos resolver os problemas por decreto. Só com muito trabalho. Tenho certeza que com alguns ajustes, o atual sistema pode esperar que os novos investimentos aconteçam”, disse. 

VOLUME MORTO – O vereador Guilherme Barão levantou a questão de um volume morto de água que fica no fundo do novo reservatório da Sede do município e que não é possível utilizá-lo, questionando se este volume não poderia ajudar nos momentos críticos. Explicando, o engenheiro Marcelo destacou que de fato algo em torno de 160 mil litros de água ficam perdidos no fundo do novo reservatório de 500 mil litros, entretanto que esta quantidade é compensada por outro reservatório de concreto,que fica próximo. “Esse não é problema e nem solução”, disse. 

CONSIDERAÇÕES – Depois de mais de duas horas de exposições e esclarecimentos, tanto o proponente como o prefeito fizeram suas considerações finais a cerca do tema. O vereador Bibi seguiu com um tom crítico em relação ao assunto, observando que quer ser parceiro do município para encontrar as soluções. Por sua vez, o prefeito Adriano fez questão de afirmar que todo o cidadão candiotense tem direito a ter acesso a uma água de qualidade e em quantidade necessária para ele e sua família. Também ele criticou os governos estadual e federal que cortaram recursos de programas, como o Água Para Todos, que poderiam estar ajudando as cidades a combater os problemas. “Nossa equipe tem se dedicado diuturnamente, mas as soluções não são construídas com discursos e de uma hora para outra e sim com muito trabalho e responsabilidade, que é o que estamos fazendo”, finalizou o gestor.

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