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Empresa chinesa busca fim de greve na Justiça e movimento expõe divergência entre sindicatos
As obras de construção da Usina Termelétrica Pampa Sul (Miroel Wolowski) estão
paradas há quatro dias. As atividades estão interrompidas desde terça-feira, 7, quando
os trabalhadores entraram em greve. A paralisação foi decretada oficialmente pelo
Sindicato da Indústria da Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de
Terraplenagem em Geral no Estado do Rio Grande do Sul (Siticepot), na quarta-feira, 8.
As principais reivindicações da categoria, cuja database é 1º de maio, conforme o
Siticepot, são reajuste salarial de, no mínimo, 9%; aumento de mais de 100% do valealimentação,
que hoje é de R$ 220, e que o mesmo não seja descontado nos dias em que
os funcionários faltarem o trabalho.
Além do reajuste salarial, o Siticepot quer que a remuneração mensal dos operários
(carpinteiros, soldadores, pedreiros e serventes) da Pampa Sul, que está em torno de R$
1,3 mil, se equipare a dos trabalhadores do polo naval de Rio Grande, que, segundo o
presidente da entidade Isabelino Garcia dos Santos, passa de R$ 2 mil. A entidade busca
ainda aumento salarial para os mecânicos. A proposta é que o salário desses
profissionais passe de R$ 1.640,00 para R$ 2,7 mil.
De acordo com
o líder sindical,
mais de 90%
dos 1,8 mil
trabalhadores
que estão
atuando nas
obras da
termelétrica
aderiram à
greve. Segundo
ele, mais da
metade dessa
mão de obra é
de outras
regiões do
Estado e do
país. Em razão
disso, ele
assinala que
outra bandeira
levantada pelo sindicato é para que sejam contratados mais moradores da região de
Candiota para erguer o empreendimento, da Engie Brasil Energia.
A usina, que terá capacidade instalada de 340 megawatts e investimento total de R$ 1,8
bilhão, está sendo construída na localidade candiotense de Seival e deverá operar
comercialmente a partir de janeiro de 2019. A Engie Brasil Energia contratou a chinesa
SDEPCI para fazer e entregar pronta a termelétrica e essa, por sua vez, terceirizou boa
parte dos serviços. De acordo com o sindicato, 15 empresas terceirizadas estão
trabalhando, atualmente, nas obras da Pampa Sul. O vicepresidente do Siticepot, Luiz
Gonzaga Vidal da Silva, afirma que nenhuma das terceirizadas aceitou receber a notificação contendo as propostas dos trabalhadores. Devido a isso, o documento foi
enviado por email às empresas.
A UTE Pampa Sul começou a ser erguida no início do segundo semestre de 2015. Essa é
a segunda paralisação dos trabalhadores. A primeira ocorreu em junho do ano passado e
durou seis dias.
Para advogada da SDEPCI, “movimento é muito mais uma briga de
sindicatos”
A empresa chinesa SDEPCI classifica a atitude do Siticepot de encabeçar a paralisação
como ilegítima. “Essa greve foi instaurada pelo sindicato de Porto Alegre que não tem
legitimidade para representar os trabalhadores”, assinala a advogada da SDEPCI, Lílian
Soll.
Segundo ela, a entidade que representa a categoria é o Sindicato dos Trabalhadores nas
Indústrias da Construção e Mobiliário de Bagé (STICM Bagé). Lílian enfatiza que todas
as empresas que estão atuando na obra estão pagando o dissídio que foi negociado com
o sindicato bageense.
A advogada informa ainda que, na terçafeira, 7, a SDEPCI conseguiu liminar na Justiça
para ter livre acesso ao canteiro de obras da UTE Pampa Sul. No entanto, ela diz que os
operários estão sendo impedidos de trabalhar pelos representantes do Siticepot, sendo,
inclusive, ameaçados de agressão física. “Estivemos (no local da obra) com a Brigada
Militar, hoje pela manhã (10), para garantir a liminar. Não estão permitindo a entrada.
Esse movimento é muita mais uma briga de sindicatos do que uma briga de direitos
(trabalhistas)”, observa Lílian, acrescentando que a SDEPCI tomará todas as medidas
legais para pôr fim ao movimento.
Dos aproximadamente 1,8 mil trabalhadores da Pampa Sul, a advogada afirma que,
desses, em torno de 1,1 mil querem trabalhar e estão sendo impedidos. “Quem está
perdendo são os trabalhadores com esse movimento ilegal e irresponsável”, conclui.
O presidente do STICM Bagé, Nicanor Fara, considera desonesta a ação do Siticepot e
expõe de forma clara as divergências entre eles. “Acho até que estão de brincadeira com
a entidade (STICM Bagé) e com o presidente da entidade”, analisa o dirigente.
De acordo com ele, nenhum trabalhador da UTE Pampa Sul contatou a entidade
bageense para tratar sobre as reivindicações da categoria. “Nosso sindicato é um
sindicato profissional, não entramos em confronto”, ressalta.
Com relação ao fato de o Siticepot estar impedindo o acesso dos trabalhadores ao local
da obra, o presidente da entidade, Isabelino Garcia dos Santos, rebate a denúncia,
dizendo que os portões da usina ficam abertos e os trabalhadores não entram porque
não querem. E sobre a questão de o Siticepot estar representando os funcionários da
Pampa Sul, Santos ressalta que a entidade fez um abaixo assinado e o documento conta
com assinaturas de mais de 60% da mão de obra da usina. “Estamos fazendo o que os
trabalhadores querem, nada mais que isso”, finaliza.
POSIÇÃO DA UTE PAMPA SUL – O gerente socioambiental da UTE Pampa Sul
(Miroel Wolowski), Hugo Roger Stamm, comunica que a empresa está acompanhando
as movimentações e negociações dos trabalhadores envolvidos na obra da usina.
“Tratam-se de trabalhadores de empresas subcontratadas pela chinesa SDEPCI para
atuar na obra da UTE Pampa Sul. Desde o início da mobilização, a UTE Pampa Sul está
em contato com a sua contratada, a SDEPCI, buscando informações sobre os motivos da
manifestação, visando manter a transparência e a seriedade que permeiam as atividades
do Grupo, tanto no aspecto técnico quanto no aspecto social”, destaca Stamm.
Conforme o executivo, a expectativa é que a situação possa ser solucionada, visando não
comprometer o prazo de entrada em operação da usina, conforme preconiza o edital do
leilão de energia de novembro de 2014.
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