sábado, 11 de fevereiro de 2017

Jornal Tribuna do Pampa Online (Candiota) - 11 de fevereiro de 2017


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Empresa chinesa busca fim de greve na Justiça e movimento expõe divergência entre sindicatos ­

As obras de construção da Usina Termelétrica Pampa Sul (Miroel Wolowski) estão paradas há quatro dias. As atividades estão interrompidas desde terça-­feira, 7, quando os trabalhadores entraram em greve. A paralisação foi decretada oficialmente pelo Sindicato da Indústria da Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplenagem em Geral no Estado do Rio Grande do Sul (Siticepot), na quarta­-feira, 8. 

As principais reivindicações da categoria, cuja data­base é 1º de maio, conforme o Siticepot, são reajuste salarial de, no mínimo, 9%; aumento de mais de 100% do valealimentação, que hoje é de R$ 220, e que o mesmo não seja descontado nos dias em que os funcionários faltarem o trabalho. 

Além do reajuste salarial, o Siticepot quer que a remuneração mensal dos operários (carpinteiros, soldadores, pedreiros e serventes) da Pampa Sul, que está em torno de R$ 1,3 mil, se equipare a dos trabalhadores do polo naval de Rio Grande, que, segundo o presidente da entidade Isabelino Garcia dos Santos, passa de R$ 2 mil. A entidade busca ainda aumento salarial para os mecânicos. A proposta é que o salário desses profissionais passe de R$ 1.640,00 para R$ 2,7 mil. 

De acordo com o líder sindical, mais de 90% dos 1,8 mil trabalhadores que estão atuando nas obras da termelétrica aderiram à greve. Segundo ele, mais da metade dessa mão de obra é de outras regiões do Estado e do país. Em razão disso, ele assinala que outra bandeira levantada pelo sindicato é para que sejam contratados mais moradores da região de Candiota para erguer o empreendimento, da Engie Brasil Energia. 

A usina, que terá capacidade instalada de 340 megawatts e investimento total de R$ 1,8 bilhão, está sendo construída na localidade candiotense de Seival e deverá operar comercialmente a partir de janeiro de 2019. A Engie Brasil Energia contratou a chinesa SDEPCI para fazer e entregar pronta a termelétrica e essa, por sua vez, terceirizou boa parte dos serviços. De acordo com o sindicato, 15 empresas terceirizadas estão trabalhando, atualmente, nas obras da Pampa Sul. O vice­presidente do Siticepot, Luiz Gonzaga Vidal da Silva, afirma que nenhuma das terceirizadas aceitou receber a notificação contendo as propostas dos trabalhadores. Devido a isso, o documento foi enviado por e­mail às empresas. 

A UTE Pampa Sul começou a ser erguida no início do segundo semestre de 2015. Essa é a segunda paralisação dos trabalhadores. A primeira ocorreu em junho do ano passado e durou seis dias. 

Para advogada da SDEPCI, “movimento é muito mais uma briga de sindicatos” 
A empresa chinesa SDEPCI classifica a atitude do Siticepot de encabeçar a paralisação como ilegítima. “Essa greve foi instaurada pelo sindicato de Porto Alegre que não tem legitimidade para representar os trabalhadores”, assinala a advogada da SDEPCI, Lílian Soll. 

Segundo ela, a entidade que representa a categoria é o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e Mobiliário de Bagé (STICM Bagé). Lílian enfatiza que todas as empresas que estão atuando na obra estão pagando o dissídio que foi negociado com o sindicato bageense. 

A advogada informa ainda que, na terça­feira, 7, a SDEPCI conseguiu liminar na Justiça para ter livre acesso ao canteiro de obras da UTE Pampa Sul. No entanto, ela diz que os operários estão sendo impedidos de trabalhar pelos representantes do Siticepot, sendo, inclusive, ameaçados de agressão física. “Estivemos (no local da obra) com a Brigada Militar, hoje pela manhã (10), para garantir a liminar. Não estão permitindo a entrada. Esse movimento é muita mais uma briga de sindicatos do que uma briga de direitos (trabalhistas)”, observa Lílian, acrescentando que a SDEPCI tomará todas as medidas legais para pôr fim ao movimento. 

Dos aproximadamente 1,8 mil trabalhadores da Pampa Sul, a advogada afirma que, desses, em torno de 1,1 mil querem trabalhar e estão sendo impedidos. “Quem está perdendo são os trabalhadores com esse movimento ilegal e irresponsável”, conclui. O presidente do STICM Bagé, Nicanor Fara, considera desonesta a ação do Siticepot e expõe de forma clara as divergências entre eles. “Acho até que estão de brincadeira com a entidade (STICM Bagé) e com o presidente da entidade”, analisa o dirigente. 

De acordo com ele, nenhum trabalhador da UTE Pampa Sul contatou a entidade bageense para tratar sobre as reivindicações da categoria. “Nosso sindicato é um sindicato profissional, não entramos em confronto”, ressalta. 

Com relação ao fato de o Siticepot estar impedindo o acesso dos trabalhadores ao local da obra, o presidente da entidade, Isabelino Garcia dos Santos, rebate a denúncia, dizendo que os portões da usina ficam abertos e os trabalhadores não entram porque não querem. E sobre a questão de o Siticepot estar representando os funcionários da Pampa Sul, Santos ressalta que a entidade fez um abaixo­ assinado e o documento conta com assinaturas de mais de 60% da mão de obra da usina. “Estamos fazendo o que os trabalhadores querem, nada mais que isso”, finaliza. 

POSIÇÃO DA UTE PAMPA SUL – O gerente socioambiental da UTE Pampa Sul (Miroel Wolowski), Hugo Roger Stamm, comunica que a empresa está acompanhando as movimentações e negociações dos trabalhadores envolvidos na obra da usina. “Tratam­-se de trabalhadores de empresas subcontratadas pela chinesa SDEPCI para atuar na obra da UTE Pampa Sul. Desde o início da mobilização, a UTE Pampa Sul está em contato com a sua contratada, a SDEPCI, buscando informações sobre os motivos da manifestação, visando manter a transparência e a seriedade que permeiam as atividades do Grupo, tanto no aspecto técnico quanto no aspecto social”, destaca Stamm. Conforme o executivo, a expectativa é que a situação possa ser solucionada, visando não comprometer o prazo de entrada em operação da usina, conforme preconiza o edital do leilão de energia de novembro de 2014.

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