quinta-feira, 20 de abril de 2017

Jornal Tribuna do Pampa (Candiota) - 20 de abril de 2017


LEIA O EDITORIAL:

A questão da água em Candiota
Não resta dúvidas que o sistema de água de Candiota é frágil. E assim é há muito tempo. O aumento populacional, a construção de cerca de 500 novas casas na Sede do município (entre núcleos habitacionais e terrenos que estão sendo ocupados), além de se levar água aos irmãos da zona rural, aliado a um sistema antigo e cheio de gambiarras ao longo do tempo, se faz chegar a um ponto que beira ao colapso. O que vimos esta semana, depois de uma limpeza de decantador e depósito – precedido de um estouro de tubulação -, é uma pequena mostra da fragilidade. 

Ao longo dos anos, é bem verdade, a Prefeitura fez investimentos pesados no sistema, como por exemplo, uma Estação de Tratamento de Água (ETA) na João Emílio; uma nova ETA em Seival; a troca total da rede de abastecimento na Vila Residencial (os canos de fibrocimento deram lugar aos de PVC); uma nova ETA na Vila Residencial – que abastece a localidade, a Sede e os assentamentos (para onde também foi feita uma rede novinha em folha); uma nova rede de água que interliga a Vila Operária, João Emílio e Seival; uma nova ETA na Vila Operária (está 80% concluída), a instalação de dois enormes reservatórios de água com capacidade de 500 mil litros cada – um na Residencial e outro na Sede, entre outros tantos aportes. 

Agora, a Prefeitura prepara a licitação para a construção, em parceria com a UTE Pampa Sul, de uma ETA nova na Sede do município. Muitos apostam que ela resolverá boa parte dos problemas, aliado à nova ETA da Operária, que em breve será concluída, levando água tratada também para São Simão, João Emílio e Seival. O fato é que não parece ser tão simples assim. 

Um sistema de água tem que estar planejado, precisa de investimentos constantes e também necessita ser racionalizado. E racionalizar, significa controlar, medir e cobrar por aquilo que se consome de água. Se sabe que a inadimplência é muito elevada, sendo que, com exceção da Vila Operária (que possui hidrômetros), todos os demais usuários pagam (ou pelo menos são cobrados), apenas pela taxa mínima, que é de R$ 24 mensais, independente do consumo. Ainda há os que pagam a taxa social, que é inferior a este valor. 

O atual prefeito Adriano dos Santos se esforça por uma solução, tanto que na tarde desta quinta-feira (20) se colocou pessoalmente em seu gabinete a dar esclarecimentos à população sobre os problemas enfrentados esta semana e na semana passada, quando algumas localidades ficaram vários dias sem água. Em sua campanha política, Adriano apontava para o problema e sua dimensão, prometendo como solução a criação de uma autarquia para gerenciar o sistema, ou seja, criar uma espécie de Daeb na cidade. Não se sabe se esta é mesmo a solução. Alguns defendem que o sistema deveria ser repassado a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), ao invés de se criar uma autarquia. Também é preciso saber se a Corsan tem interesse num sistema precário como é hoje. 

O fato é que a questão é complexa e que a solução não é rápida. É como consertar um carro em movimento. Mas, ao mesmo tempo, Candiota não enfrenta o maior dos problemas, que é a falta de água para a captação, como é o caso de Bagé e outras tantas cidades mundo afora. A água de Candiota é só uma questão de gestão.

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