LEIA O EDITORIAL:
A questão da água em Candiota
Não resta dúvidas que o sistema de água de
Candiota é frágil. E assim é há muito tempo. O aumento
populacional, a construção de cerca de 500 novas casas
na Sede do município (entre núcleos habitacionais
e terrenos que estão sendo ocupados), além de se levar
água aos irmãos da zona rural, aliado a um sistema
antigo e cheio de gambiarras ao longo do tempo, se faz
chegar a um ponto que beira ao colapso. O que vimos
esta semana, depois de uma limpeza de decantador e
depósito – precedido de um estouro de tubulação -, é
uma pequena mostra da fragilidade.
Ao longo dos anos, é bem verdade, a Prefeitura
fez investimentos pesados no sistema, como por
exemplo, uma Estação de Tratamento de Água (ETA)
na João Emílio; uma nova ETA em Seival; a troca total
da rede de abastecimento na Vila Residencial (os canos
de fibrocimento deram lugar aos de PVC); uma nova
ETA na Vila Residencial – que abastece a localidade, a
Sede e os assentamentos (para onde também foi feita
uma rede novinha em folha); uma nova rede de água
que interliga a Vila Operária, João Emílio e Seival; uma
nova ETA na Vila Operária (está 80% concluída), a
instalação de dois enormes reservatórios de água com
capacidade de 500 mil litros cada – um na Residencial
e outro na Sede, entre outros tantos aportes.
Agora, a Prefeitura prepara a licitação para a
construção, em parceria com a UTE Pampa Sul, de uma
ETA nova na Sede do município. Muitos apostam que
ela resolverá boa parte dos problemas, aliado à nova
ETA da Operária, que em breve será concluída, levando
água tratada também para São Simão, João Emílio e
Seival. O fato é que não parece ser tão simples assim.
Um sistema de água tem que estar planejado,
precisa de investimentos constantes e também necessita ser racionalizado. E racionalizar, significa controlar,
medir e cobrar por aquilo que se consome de água. Se
sabe que a inadimplência é muito elevada, sendo que,
com exceção da Vila Operária (que possui hidrômetros),
todos os demais usuários pagam (ou pelo menos são
cobrados), apenas pela taxa mínima, que é de R$ 24
mensais, independente do consumo. Ainda há os que
pagam a taxa social, que é inferior a este valor.
O atual prefeito Adriano dos Santos se esforça
por uma solução, tanto que na tarde desta quinta-feira
(20) se colocou pessoalmente em seu gabinete a dar
esclarecimentos à população sobre os problemas enfrentados esta semana e na semana passada, quando
algumas localidades ficaram vários dias sem água.
Em sua campanha política, Adriano apontava para o
problema e sua dimensão, prometendo como solução
a criação de uma autarquia para gerenciar o sistema,
ou seja, criar uma espécie de Daeb na cidade. Não se
sabe se esta é mesmo a solução. Alguns defendem que
o sistema deveria ser repassado a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), ao invés de se criar
uma autarquia. Também é preciso saber se a Corsan
tem interesse num sistema precário como é hoje.
O fato é que a questão é complexa e que a solução não é rápida. É como consertar um carro em
movimento. Mas, ao mesmo tempo, Candiota não
enfrenta o maior dos problemas, que é a falta de água
para a captação, como é o caso de Bagé e outras tantas
cidades mundo afora. A água de Candiota é só uma
questão de gestão.
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