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Especial 25 anos de Candiota e Hulha Negra
Um olhar diferente sobre os 25 anos e o futuro
Por: Marco Antônio Ballejo Canto
Cidades chegam aos 25 anos
Escrevo na Tribuna do Pampa desde a primeira edição,
em abril de 2011, uma vez por semana, e tratei da criação
destes municípios algumas vezes.
Provocado pelo editor, começo lembrando o que
escrevi na primeira edição. Consta que ele próprio cortou
algumas coisas do meu texto, por questões técnicas, mas o
original foi: “João André Lehr era pouco mais que um guri
quando começou a trabalhar com jornal na região, pouco antes
da instalação dos Municípios de Hulha Negra e Candiota.
Nenhum outro tem contribuído tanto para relatar a história
construída nestas comunidades nas últimas duas décadas
quanto ele. Expandiu-se por outras bandas com a entrada do
novo milênio, acreditando num jornal que, não vendo, eu não
acreditaria”.
Em 16.04.2011, escrevi que “as emancipações se
viabilizam, principalmente, com a manifestação da sociedade
e esta se deu através de um plebiscito ocorrido em 10 de
novembro de 1991. Foi o momento definitivo; os demais,
foram protocolares, como a instalação dos Municípios com
as posses dos prefeitos, vices e vereadores, ocorrida em 1º de
janeiro de 1993.
Coisas de não esquecer, embora o tempo também
crie distâncias.
Hulha Negra e Candiota são Municípios que, ao
serem criados, fizeram a grande ruptura regional entre a
paciente resignação da sociedade e a participação ativa no
encaminhamento das ações voltadas a atender as aspirações
coletivas, incluindo aqui o aplauso e a contestação”.
Em 10.03.2012, parte do texto dizia que “As emancipações
que criaram os novos municípios deram às comunidades
envolvidas um novo formato e um novo envolvimento
do cidadão com a vida comunitária. É natural do ser humano
querer estar em evidência e o novo criou condições para isto.
... O conjunto das vontades individuais, a participação nos
processos de melhorias, as possibilidades de ser destaque no
universo criado dos novos municípios, foram determinantes
para o desenvolvimento das novas municipalidades”.
Em 30.03.2013, citei que “Continuo a crer que o
sucesso do processo emancipacionista se constrói todos os
dias com as ações públicas e privadas que resultam na melhoria
da qualidade de vida nas comunidades onde o processo
aconteceu”.
Tempo de muitas conquistas
Correndo o risco de esquecer alguns mais relevantes,
listo 25 momentos ou avanços que vi acontecer ou vivi
com a comunidade de Hulha Negra. No caso de Candiota com a ajuda do pessoal do jornal e também correndo o risco
de esquecer algo importante, enumerei 25 fatos importantes
que ocorreram nestas duas décadas e meia.
HULHA NEGRA
1) Recebi e levei o diploma da Criação do Município ao presidente da Comissão de Emancipação, Hugo Canto, que estava doente e não
pode se deslocar ao evento.
2) A inauguração do Centro Administrativo, em
1993;
3) Os empregados gerados com a criação do
município, no Executivo e no Legislativo;
4) O parque de máquinas e de veículos do
município;
5) O conjunto de obras físicas, melhorias e
implantação de séries na Escola Municipal
Monteiro Lobato;
6) A aprovação e implantação do Pólo da Uni- versidade Aberta do Brasil;
7) A autorização para o funcionamento do Ensino Médio na Escola Estadual Manoel Lucas
de Oliveira. Depois o ensino médio chegou à
sede e à Conquista da Fronteira;
8) A Biblioteca Pública Municipal;
9) O transporte escolar;
10) A inauguração do Centro de Atenção Integral
à Saúde (Cais), em 1996.
11) A realização do saneamento do esgoto na
sede do município;
12) A inauguração da primeira obra nova, o
prédio da Brigada Militar, em 1993;
13) A estação férrea saiu do meio da Avenida
Getúlio Vargas, em 2005;
14) As caminhadas e carreatas nas campanhas
políticas.
15) O calçadão da Avenida Getúlio Vargas.
16) A Festa do Colono;
17) A Oktoberfest;
18) A implantação e melhoria de ginásios de
esportes e de locais de eventos;
19) A iluminação pública;
20) Os avanços na manutenção das estradas
do interior;
21) A construção de casas, edifícios, e as melhorias
habitacionais;
22) A Avenida Getúlio Vargas se transformar
em avenida comercial e de serviços;
23) Os avanços da telefonia e da internet;
24) A chegada dos bancos Sicredi, Banrisul,
Postal, Lotérica (Caixa Federal) e caixas eletrônicos;
25) A ampliação do Pampeano, agora do grupo
Marfrig.
CANDIOTA
1) Implantação, aquisição e ampliação dos prédios administrativos da Prefeitura e Câmara de Vereadores;
1) Implantação, aquisição e ampliação dos prédios administrativos da Prefeitura e Câmara de Vereadores;
2) Instalação, construção, reforma e ampliação das
escolas municipais Neli Betemps, Santa Izabel e Odete
Lazzare Corrêa (creche), além de outras escolas de
educação infantil;
3) Complexo sistema de transporte escolar;
4) Importante subsídio no transporte de estudantes para
educação técnica e superior fora do município;
5) Transporte coletivo;
6) Idealização e colocação na prática de todo sistema
de saúde municipal, com unidades básicas de saúde
em todas as localidades, além do funcionamento 24h
do Pronto Atendimento (Hospital de Candiota);
7) Melhoria significativa do sistema de abastecimento
de água, com construção de novas Estações de Tratamento de Água (ETAs), reservatórios, bem como,
trocas de tubulações;
8) Canto Moleque da Canção Gaúcha;
9) Projeto Esportes Para a Vida (EPV);
10) Implantação do sistema de telefonia em todos os
núcleos urbanos;
11) Ampliação de redes elétricas para as famílias rurais
com cobertura de praticamente 100% do município com
acesso a este recurso;
12) Aquisição de uma significativa frota de veículos de
maquinários;
13) Melhorias significativas no sistema viário rural com
manutenção permanente das estradas, bem como,
abertura de novas;
14) Implantação de praticamente 100% de esgotamento
sanitário nos núcleos urbanos;
15) Implantação de praticamente 100% de pavimentação nos núcleos urbanos;
16) Regularização fundiária da João Emílio e boa parte
da Sede do Município, além da venda das casas da
Vila Operária;
17) Construção de três ginásios municipais e uma
quadra coberta: Sede, Vila Operária e escolas Santa
Izabel e Neli Betemps;
18) Novas agências e unidades bancárias como Banco
do Brasil, Sicredi, Lotérica (Caixa Federal) e Bradesco;
19) Fortalecimento do comércio local e também atração
de redes de lojas;
20) Instalação de uma agência do Sistema Nacional
de Emprego (Sine);
21) Construção da Fase C da Usina de Candiota;
22) Instalação de vinhedos, cantinas de vinhos finos e
uma indústria de azeite;
23) Carnaval Fora de Época;
24) Construção de diversos novos núcleos urbanos,
com quase 700 novas casas entregues;
25) Instalação da Usina Termelétrica Pampa Sul.
Hulha Negra: Para onde ir?
Nenhum município, estado ou país, avançará sem cuidar
da educação da sociedade. Hulha Negra deve cuidar com
especial atenção do Polo da Universidade Aberta do Brasil,
priorizando cursos na área da administração, como o que está
para começar, de pós-graduação em Gestão Pública Municipal.
Porém, o município precisa de mobilização comunitária, pais,
alunos, políticos, para melhorar as escolas públicas estaduais,
em especial as de ensino médio. Finalmente, é preciso qualificar
as escolas municipais e avançar na redução de custos
com transporte escolar e na nucleação de escolas, mantendo
apenas escolas e séries tecnicamente necessárias.
Hulha Negra precisa investir em empreendedorismo,
formação de empresários e qualificação dos que estão em
atividade. Para isto pode contar com o SEBRAE e com as
Universidades. Precisa de associações fortes no meio rural,
da retomada do sentimento cooperativo, que é muito mais que a formação de cooperativas, mas da mobilização de grupos
para obtenção de vantagens coletivas, não necessariamente
formando cooperativas formais.
Na sede do município, precisa investir em saneamento
e pavimentação. Quase três décadas após a criação do
município, as estruturas avançaram muito nas áreas de educação
e saúde, entre outras, mas a cidade precisa avançar com
a pavimentação das ruas e calçadas. Muito além do conforto,
estas ações promoverão o aumento do valor dos imóveis, vindo
em benefício de todos que possuem patrimônio imobiliário na
sede do município.
O Centro Administrativo deve ser ampliado. O município
não pode ter Secretarias espalhadas pela cidade.
A sociedade precisa acreditar que pode mais, muito
mais. Quando da criação queria, entre outras coisas, grandes
empresas. Pois bem. O município, executivo e câmara, é uma
grande empresa, com mais de duzentos e cinquenta servidores.
Estimo que as dezenas de empresas criadas na Av. Getúlio
Vargas empregam mais de cento e cinqüenta trabalhadores, o
que também representa outra grande empresa, considerando o
porte do município. O Pampeano nunca foi tão grande como
nos tempos atuais.
Os empresários do meio rural precisam ser mais
qualificados a cada dia. O final do amadorismo é urgente,
necessário, e quem não se qualificar vai ficar ou permanecer
inviabilizado. É necessário que executivo e câmara, inspetoria
veterinária, Emater, universidades e produtores se aliem em
busca de objetivos comuns. A evolução no campo repercute
na cidade, todos sabem. É necessário, também, aumentar o
faturamento da propriedade rural por hectare, não só com
a soja, nem com o arrendamento de terras a produtores que
vivem em outras regiões, o que pode ser útil, temporariamente.
Candiota: Para onde ir?
Candiota convive com as incertezas da produção
de energia com base no carvão. No Brasil, os governos,
seguindo regras “politicamente corretas”, não têm dado
a devida atenção, muito menos promovido, projetos de
produção de energia com esta base. Como as incertezas
continuarão, melhor é conviver com elas e manter as mobilizações.
Candiota é o resultado da integração de vá-
rias comunidades com identidades distintas. Integrar
estas comunidades num projeto é o desafio de quem
deve implementar um plano diretor para o município. Porém, antes de tudo, é preciso ter um Plano.
Em Candiota-sede, o núcleo mais populoso, onde
se encontra também a sede do Executivo, é onde se verificam
os mais relevantes avanços que resultaram da criação
do município: saneamento, pavimentação, habitação, sistema
financeiro, iluminação pública, ginásio de esportes,
creche, comércio e serviços, mais empresas, mais empregos,
entre outras melhorias. Muitos avanços. Deve avançar com
a construção de calçadas e na melhoria estética do meio
urbano que valorizará todos os imóveis.
Vila Residência e Vila Operária têm o DNA da
CEEE. Tenho passado mais pela Vila Residencial que parece
ter parado em algum lugar do passado, embora tenha
recentemente inaugurado um centro cultural e onde fica a
mais avançada unidade de saúde estruturada no município.
Não é muito diferente a Vila Operária que, de relevante,
em muitos anos, ganhou um ginásio de esportes. Ambas
as localidades têm um imenso potencial para serem bons
lugares de se viver e devem avançar, entre outras ações, na
promoção do esporte e da cultura. Porém, devem promover
o empreendedorismo, analisar novas alternativas econômicas
que possam gerar emprego e renda que venham a ser
alternativas para os jovens.
O Executivo e a Câmara de Vereadores devem
analisar o município como ao sintonizar uma rádio em
“sintonia fina”. Os mais jovens não entendem isto, mas era
difícil pegar uma rádio da capital antigamente. Era preciso ir
“tenteando”, até que dava. As receitas do município podem
variar muito, como variaram para mais em 2016, e podem
cair muito com o final das obras da usina em construção. As
pessoas devem se unir mais em projetos coletivos. Melhorar,
modernizar e ampliar os clubes, como se faz em muitas
igrejas. O convívio social é necessário, não só na paróquia.
Reunir grupos para debater e planejar a economia local, bem
como para realizar projetos em parceria, são coisas que se
deve fazer cada vez mais. Lembrem que nem só o banco
cooperativo pode crescer, pois quem coopera cresce.
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