sexta-feira, 24 de março de 2017

Jornal Tribuna do Pampa (Candiota) - 24 de março de 2017



LEIA A NOTÍCIA:
Especial 25 anos de Candiota e Hulha Negra
Um olhar diferente sobre os 25 anos e o futuro
Por: Marco Antônio Ballejo Canto

Cidades chegam aos 25 anos
Escrevo na Tribuna do Pampa desde a primeira edição, em abril de 2011, uma vez por semana, e tratei da criação destes municípios algumas vezes. Provocado pelo editor, começo lembrando o que escrevi na primeira edição. Consta que ele próprio cortou algumas coisas do meu texto, por questões técnicas, mas o original foi: “João André Lehr era pouco mais que um guri quando começou a trabalhar com jornal na região, pouco antes da instalação dos Municípios de Hulha Negra e Candiota. Nenhum outro tem contribuído tanto para relatar a história construída nestas comunidades nas últimas duas décadas quanto ele. Expandiu-se por outras bandas com a entrada do novo milênio, acreditando num jornal que, não vendo, eu não acreditaria”.

Em 16.04.2011, escrevi que “as emancipações se viabilizam, principalmente, com a manifestação da sociedade e esta se deu através de um plebiscito ocorrido em 10 de novembro de 1991. Foi o momento definitivo; os demais, foram protocolares, como a instalação dos Municípios com as posses dos prefeitos, vices e vereadores, ocorrida em 1º de janeiro de 1993. Coisas de não esquecer, embora o tempo também crie distâncias. Hulha Negra e Candiota são Municípios que, ao serem criados, fizeram a grande ruptura regional entre a paciente resignação da sociedade e a participação ativa no encaminhamento das ações voltadas a atender as aspirações coletivas, incluindo aqui o aplauso e a contestação”. 

Em 10.03.2012, parte do texto dizia que “As emancipações que criaram os novos municípios deram às comunidades envolvidas um novo formato e um novo envolvimento do cidadão com a vida comunitária. É natural do ser humano querer estar em evidência e o novo criou condições para isto. ... O conjunto das vontades individuais, a participação nos processos de melhorias, as possibilidades de ser destaque no universo criado dos novos municípios, foram determinantes para o desenvolvimento das novas municipalidades”. 

Em 30.03.2013, citei que “Continuo a crer que o sucesso do processo emancipacionista se constrói todos os dias com as ações públicas e privadas que resultam na melhoria da qualidade de vida nas comunidades onde o processo aconteceu”.

Tempo de muitas conquistas 
Correndo o risco de esquecer alguns mais relevantes, listo 25 momentos ou avanços que vi acontecer ou vivi com a comunidade de Hulha Negra. No caso de Candiota com a ajuda do pessoal do jornal e também correndo o risco de esquecer algo importante, enumerei 25 fatos importantes que ocorreram nestas duas décadas e meia.

HULHA NEGRA
1) Recebi e levei o diploma da Criação do Município ao presidente da Comissão de Emancipação, Hugo Canto, que estava doente e não pode se deslocar ao evento. 
2) A inauguração do Centro Administrativo, em 1993; 
3) Os empregados gerados com a criação do município, no Executivo e no Legislativo; 
4) O parque de máquinas e de veículos do município; 
5) O conjunto de obras físicas, melhorias e implantação de séries na Escola Municipal Monteiro Lobato; 
6) A aprovação e implantação do Pólo da Uni- versidade Aberta do Brasil; 
7) A autorização para o funcionamento do Ensino Médio na Escola Estadual Manoel Lucas de Oliveira. Depois o ensino médio chegou à sede e à Conquista da Fronteira; 
8) A Biblioteca Pública Municipal; 
9) O transporte escolar; 
10) A inauguração do Centro de Atenção Integral à Saúde (Cais), em 1996. 
11) A realização do saneamento do esgoto na sede do município; 
12) A inauguração da primeira obra nova, o prédio da Brigada Militar, em 1993; 
13) A estação férrea saiu do meio da Avenida Getúlio Vargas, em 2005; 
14) As caminhadas e carreatas nas campanhas políticas. 
15) O calçadão da Avenida Getúlio Vargas. 
16) A Festa do Colono; 
17) A Oktoberfest; 
18) A implantação e melhoria de ginásios de esportes e de locais de eventos; 
19) A iluminação pública; 
20) Os avanços na manutenção das estradas do interior; 
21) A construção de casas, edifícios, e as melhorias habitacionais; 
22) A Avenida Getúlio Vargas se transformar em avenida comercial e de serviços; 
23) Os avanços da telefonia e da internet; 
24) A chegada dos bancos Sicredi, Banrisul, Postal, Lotérica (Caixa Federal) e caixas eletrônicos; 
25) A ampliação do Pampeano, agora do grupo Marfrig.

CANDIOTA
1) Implantação, aquisição e ampliação dos prédios administrativos da Prefeitura e Câmara de Vereadores; 
2) Instalação, construção, reforma e ampliação das escolas municipais Neli Betemps, Santa Izabel e Odete Lazzare Corrêa (creche), além de outras escolas de educação infantil; 
3) Complexo sistema de transporte escolar; 
4) Importante subsídio no transporte de estudantes para educação técnica e superior fora do município; 
5) Transporte coletivo; 
6) Idealização e colocação na prática de todo sistema de saúde municipal, com unidades básicas de saúde em todas as localidades, além do funcionamento 24h do Pronto Atendimento (Hospital de Candiota); 
7) Melhoria significativa do sistema de abastecimento de água, com construção de novas Estações de Tratamento de Água (ETAs), reservatórios, bem como, trocas de tubulações; 
8) Canto Moleque da Canção Gaúcha; 
9) Projeto Esportes Para a Vida (EPV); 
10) Implantação do sistema de telefonia em todos os núcleos urbanos; 
11) Ampliação de redes elétricas para as famílias rurais com cobertura de praticamente 100% do município com acesso a este recurso; 
12) Aquisição de uma significativa frota de veículos de maquinários; 
13) Melhorias significativas no sistema viário rural com manutenção permanente das estradas, bem como, abertura de novas; 
14) Implantação de praticamente 100% de esgotamento sanitário nos núcleos urbanos; 
15) Implantação de praticamente 100% de pavimentação nos núcleos urbanos; 
16) Regularização fundiária da João Emílio e boa parte da Sede do Município, além da venda das casas da Vila Operária; 
17) Construção de três ginásios municipais e uma quadra coberta: Sede, Vila Operária e escolas Santa Izabel e Neli Betemps; 
18) Novas agências e unidades bancárias como Banco do Brasil, Sicredi, Lotérica (Caixa Federal) e Bradesco; 
19) Fortalecimento do comércio local e também atração de redes de lojas; 
20) Instalação de uma agência do Sistema Nacional de Emprego (Sine); 
21) Construção da Fase C da Usina de Candiota; 
22) Instalação de vinhedos, cantinas de vinhos finos e uma indústria de azeite; 
23) Carnaval Fora de Época; 
24) Construção de diversos novos núcleos urbanos, com quase 700 novas casas entregues; 
25) Instalação da Usina Termelétrica Pampa Sul.

Hulha Negra: Para onde ir?
Nenhum município, estado ou país, avançará sem cuidar da educação da sociedade. Hulha Negra deve cuidar com especial atenção do Polo da Universidade Aberta do Brasil, priorizando cursos na área da administração, como o que está para começar, de pós-graduação em Gestão Pública Municipal. Porém, o município precisa de mobilização comunitária, pais, alunos, políticos, para melhorar as escolas públicas estaduais, em especial as de ensino médio. Finalmente, é preciso qualificar as escolas municipais e avançar na redução de custos com transporte escolar e na nucleação de escolas, mantendo apenas escolas e séries tecnicamente necessárias. 

Hulha Negra precisa investir em empreendedorismo, formação de empresários e qualificação dos que estão em atividade. Para isto pode contar com o SEBRAE e com as Universidades. Precisa de associações fortes no meio rural, da retomada do sentimento cooperativo, que é muito mais que a formação de cooperativas, mas da mobilização de grupos para obtenção de vantagens coletivas, não necessariamente formando cooperativas formais. 

Na sede do município, precisa investir em saneamento e pavimentação. Quase três décadas após a criação do município, as estruturas avançaram muito nas áreas de educação e saúde, entre outras, mas a cidade precisa avançar com a pavimentação das ruas e calçadas. Muito além do conforto, estas ações promoverão o aumento do valor dos imóveis, vindo em benefício de todos que possuem patrimônio imobiliário na sede do município. 

O Centro Administrativo deve ser ampliado. O município não pode ter Secretarias espalhadas pela cidade. A sociedade precisa acreditar que pode mais, muito mais. Quando da criação queria, entre outras coisas, grandes empresas. Pois bem. O município, executivo e câmara, é uma grande empresa, com mais de duzentos e cinquenta servidores. Estimo que as dezenas de empresas criadas na Av. Getúlio Vargas empregam mais de cento e cinqüenta trabalhadores, o que também representa outra grande empresa, considerando o porte do município. O Pampeano nunca foi tão grande como nos tempos atuais. 

Os empresários do meio rural precisam ser mais qualificados a cada dia. O final do amadorismo é urgente, necessário, e quem não se qualificar vai ficar ou permanecer inviabilizado. É necessário que executivo e câmara, inspetoria veterinária, Emater, universidades e produtores se aliem em busca de objetivos comuns. A evolução no campo repercute na cidade, todos sabem. É necessário, também, aumentar o faturamento da propriedade rural por hectare, não só com a soja, nem com o arrendamento de terras a produtores que vivem em outras regiões, o que pode ser útil, temporariamente.

Candiota: Para onde ir?
Candiota convive com as incertezas da produção de energia com base no carvão. No Brasil, os governos, seguindo regras “politicamente corretas”, não têm dado a devida atenção, muito menos promovido, projetos de produção de energia com esta base. Como as incertezas continuarão, melhor é conviver com elas e manter as mobilizações. 

Candiota é o resultado da integração de vá- rias comunidades com identidades distintas. Integrar estas comunidades num projeto é o desafio de quem deve implementar um plano diretor para o município. Porém, antes de tudo, é preciso ter um Plano. 

Em Candiota-sede, o núcleo mais populoso, onde se encontra também a sede do Executivo, é onde se verificam os mais relevantes avanços que resultaram da criação do município: saneamento, pavimentação, habitação, sistema financeiro, iluminação pública, ginásio de esportes, creche, comércio e serviços, mais empresas, mais empregos, entre outras melhorias. Muitos avanços. Deve avançar com a construção de calçadas e na melhoria estética do meio urbano que valorizará todos os imóveis. 

Vila Residência e Vila Operária têm o DNA da CEEE. Tenho passado mais pela Vila Residencial que parece ter parado em algum lugar do passado, embora tenha recentemente inaugurado um centro cultural e onde fica a mais avançada unidade de saúde estruturada no município. Não é muito diferente a Vila Operária que, de relevante, em muitos anos, ganhou um ginásio de esportes. Ambas as localidades têm um imenso potencial para serem bons lugares de se viver e devem avançar, entre outras ações, na promoção do esporte e da cultura. Porém, devem promover o empreendedorismo, analisar novas alternativas econômicas que possam gerar emprego e renda que venham a ser alternativas para os jovens. 

O Executivo e a Câmara de Vereadores devem analisar o município como ao sintonizar uma rádio em “sintonia fina”. Os mais jovens não entendem isto, mas era difícil pegar uma rádio da capital antigamente. Era preciso ir “tenteando”, até que dava. As receitas do município podem variar muito, como variaram para mais em 2016, e podem cair muito com o final das obras da usina em construção. As pessoas devem se unir mais em projetos coletivos. Melhorar, modernizar e ampliar os clubes, como se faz em muitas igrejas. O convívio social é necessário, não só na paróquia. Reunir grupos para debater e planejar a economia local, bem como para realizar projetos em parceria, são coisas que se deve fazer cada vez mais. Lembrem que nem só o banco cooperativo pode crescer, pois quem coopera cresce.

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