quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Jornal Tribuna do Pampa (Candiota) - 22 de outubro de 2019


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Anúncio de programa traz esperança para o setor carbonífero

Um sentimento de frustração tomou conta da região na última sexta-feira (18), quando se soube a notícia de que a UTE Ouro Negro – projetada para ser construída em Pedras Altas, na divisa com Candiota -, não havia participado do leilão A-6 de energia, promovido pelo governo federal. 

Para quem acompanhou as reportagens do TP, que antecederam o certame, já tinha uma ideia clara que as dificuldades para o carvão no leilão se riam imensas e muito provavelmente não haveria a comercialização de energia desta fonte, especialmente em função da economia brasileira ainda estar fraca e a demanda de energia igualmente. “O resultado foi o esperado. Sem crescimento econômico não há necessidade de energia elétrica nova”, ponderou o diretor-presidente da empresa e ex-prefeito de Pedras Altas, Sílvio Marques Dias Neto, que acompanhou o leilão, que é virtual, em Porto Alegre, juntamente com outros diretores e investidores. 

Com quatro horas de duração, o leilão comercializou energia de 91 empreendimentos, sendo a grande maioria da fonte eólica (44). Ainda venderam energia 11 usinas solares, 27 hidrelétricas e nove térmicas, sendo três a gás natural e o restante de biomassa. Os investimentos estimados serão de R$ 2,14 bilhões para as fotovoltaicas, R$ 1,7 bilhão para as hídricas, R$ 4,48 bilhões para as eólicas e R$ 2,8 bilhões para as térmicas, adicionando 2.979 MW novos na capacidade instalada. 

PROGRAMA – Contudo, após o leilão, em entrevista coletiva e anunciada em primeira mão pelo Canal Energia, o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia (MME), Reive Barros, disse que o ministério pre tende apresentar ainda neste ano um programa para viabilização de térmicas a carvão na região Sul do Brasil. Inclusive se discute alternativas para que o financiamento seja feito pelo Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES). “A nossa expectativa é criar as condições necessárias para que a gente possa retomar a implantação de térmicas a carvão na região Sul”, afirmou o representante do governo. A última usina a carvão licitada foi a Pampa Sul, da Engie, em 2014, e colocada em operação comercial em julho deste ano, em Candiota. 

Segundo Reive Barros, as novas tecnologias de térmicas a carvão são mais eficientes, com emissões de gases poluentes inferiores ao parque atual em operação. 

Por outro lado, a indústria do carvão é importante para a economia dos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Conforme o Canal Energia, o representante governamental disse que o MME e o Ministério da Economia estão buscando uma alternativa para que o BNDES volte a financiar as térmicas a carvão. “O ponto mais crítico é a financiabilidade, essas térmicas não estão encontrando alternativas de financiamento nem a nível nacional, nem internacional.

O presidente da Associação Brasileira do Carvão Mineral (ABCM), Fernando Zancan, em conversa com o TP, confirmou a disposição do governo em fazer o programa, lembrando que se trata de uma modernização do parque térmico a carvão, que busca a reparação de perdas atuais e futuras, como foi o caso das fases A e B da Usina de Candiota. 

Conforme o dirigente, a ideia seria um leilão estruturante e específico do carvão, voltado para os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, para R$ 1,8 mil MW e que tenha capacidade de atrair o interesse dos investidores. “O governo está estudando ainda as bases deste pro grama, que precisa prever as regras do leilão, o financiamento e a questão tributária”, disse. 

Zancan lembra que este programa terá também a virtude de não deixar destruir uma cadeia produtiva, como é o da mineração de carvão. Ele exemplifica o caso das perdas que a Companhia Riogranden se de Mineração (CRM) teve com o fechamento das fases A e B. “Estamos falando também de uma questão econômica funda mental. No caso da região de Candiota, tudo bem que a agropecuária é importante, mas a indústria extrativa mineral pode alavancar ainda mais o desenvolvi mento”, disse. 

Ainda o presidente da ABCM lembrou mais uma vez que o atual go verno federal não possui receios em tratar deste tema publicamente. “O Brasil pode ter uma matriz energética equilibrada, tendo a participação do carvão mineral. Vamos ficar com este minério embaixo da terra, sem gerar emprego? Não há nenhum país no mundo que, em tendo uma riqueza dessas, não a ex plore”, salientou.

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